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terça-feira, dezembro 13, 2005

A execução de Stanley Williams


Stanley Williams: Candidato a Prémio Nobel da Paz foi executado hoje as 8.35 horas da manha de Portugal continental, meia noite e trinta e cinco na Califórnia, EUA.
Stanley Tookie Williams, que se encontrava no corredor da morte há 24 anos.

A condenaçao que serviu de base ao seu caso foi o alegado assassinato de 4 pessoas em 1979, altura em que fazia parte de um gang que tinha ajudado a fundar, chamado “Crips” e que espalhou a violencia por toda a Califórnia.

Durante o tempo no corredor da morte, especialmente depois de ter passado seis anos em solitária, transformou-se completamente repudiando os seus actos passados e o estilo de vida violenta que levou até ter sido preso.

Desde que saiu da solitária tem tido um comportamento exemplar. Escreveu uma série de livros para crianças sobre os perigos da vida em gangs, tornando-se um símbolo de esperança para a juventude marginalizada.
Tem vindo a ser nomeado para o prémio Nobel da Paz, consecutivamente, nos últimos cinco anos e recebeu o prémio atribuído pelo Presidente dos Estados Unidos para quem se destaca em formação cívica.
Sempre afirmou estar inocente e as provas usadas para a sua condenaçao foram baseadas em testemunhos de criminosos que como ele estavam presos ou no corredor da morte pelos mais variados crimes e que beneficiaram de reduçoes na pena ou foram libertados em troca dos testemunhos incriminatórios.

De todos os lados dos Estados Unidos choveram cartas de estudantes, membros de gangs, professores, agentes encarregues da aplicaçao da lei, pessoal militar e de encarregados de educaçao enaltecendo o trabalhado que Stanley Williams tem feito em prole da cultura de paz e do absurdo da violencia perpetrada por gangs.

A Amnistia Internacional nao procura desculpar os perpetradores de crimes violentos. Contudo, acredita que a pena de morte é errada em todos os casos.
Esta puniçao é uma afronta a dignidade humana e cria uma cultura de violencia em vez de ser uma solução para a mesma.

Nao é mais dissuasora que outras penas, nega a possibilidade de reabilitaçao ou de reconciliaçao, além de ser irreversível, a sua aplicaçao é inconsistente e discriminatória, e consome recursos que poderiam ser usados para combater o crime violento e ajudar aqueles afectados pelo mesmo.
Somado a isto, o sistema judicial dos Estados Unidos é marcado por arbitrariedades, discriminação e erros crassos na aplicação da pena de morte. Prova disto são as 122 pessoas libertadas do corredor da morte após ter sido provado que a sua condenação tinha sido erronia.
A Amnistia Internacional apelou ao Governador Schwarzenegger para que reconheça os factos extraordinários neste caso, em que Stanley Williams alega estar inocente e cujo comportamento tem levado a uma diminuição significativa da violencia no país.
As próprias instancias judiciais dos Estados Unidos nomeadamente o Tribunal de Recursos considerou que as actividades de Stanley Williams em prole da prevenção da violencia eram dignas de serem reconhecidas com a clemencia.

No dia em que se comemora a 1000ª execução nos Estados Unidos desde 1976, a AI relembrou que a pena de morte deve ser categoricamente abolida e condenada em todas e quaisquer circunstancias.

Se Stanley Williams nao fosse executado, os Estados Unidos demonstrariam que estava num futuro próximo a aboliçao da pena de morte no país que recentemente tinha dado mostras de um avanço exemplar ao finalmente sair do clube dos cinco países do mundo que executavam pessoas que tinham cometido crimes enquanto menores.

Com morte de Stanley Williams as famílias daqueles que morreram as maos da violência nao terao quais quer justiça ou reparaçao.

Stanley Williams era negro e pobre.

A morte de Stanley Williams é um exemplo gritante de como a pena de morte nada mais é do que um acto de assassinato estatal. Com a morte de Williams a justiça nada ganhou, e a prevenção da deliquência juvenil sofre um sério revés.

A execução de Stanley Williams serviu pelo menos para alertar a opiniao pública americana para a crueldade da pena de morte, e para aumentar o número de pessoas que se opoem a ela. Com mais algum trabalho talvez cheguemos ao nosso objectivo: acabar com a pena de morte nos EUA.
Para que nao hajam mais Stanleys.

Nao será de estranhar num pais em que 80 % dos condenados a morte sao economicamente desfavorecidos e membros de uma qualquer minoria étnica ou racial.

A AI apela a todos os portugueses que se juntem aos activistas de Direitos Humanos em todo o mundo na condenação da pena de morte em toda e qualquer circunstância.

Fonte: AI

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Não acredito que os maiores defensores da liberdade ( Vietnam, Afeganistão, Irão, Iraque entre muitos outro casos) tenham pena de morte, isto só pode ser uma invenção dos média uma vez que o bloco de leste já acabou.
Claro que a pena de morte é qualquer coisa indiscritivel mas pior do que isso, para mim, é colocar alguém no corredor da morte anos sem fim. Será que esta espera serve para as pessoas se redimirem e poderem entrar livremente no reino dos céus? Lamento mas não acredito na vida para além da morte.
Será que esta espera serve para se sentir pena do condenado e as pessoas se sentirem melhor por terem pena de alguém? Lamento mas o sentimento de pena pelos outros é dos piores sentimentos que há.
Será que esta espera serve para avisar as minorias que têm que se comportar segundo os cânones das sociedades das quais são banidas? Lamento mas não acredito em minorias, mas sim em gente que não compreendemos, porque tal como a avestruz enterramos a cabeça na areia.
Será que as sociedades modernas continuam com medo do desconhecido e preferem ignorar e não tentar perceber o que se passa à sua volta? lamento mas não me enquadro neste tipo de sociedade que cada vez mais enche o cabelo de laca e toma chás de caridade.
Lamento, mas acredito cada vez menos neste sistema.

16 dezembro, 2005 19:00  

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